A literatura de cordel e o cinema novo heroificaram o cangaço e seus líderes mais notórios, Lampião e Corisco. Bandidos sangüinários, eles souberam usar, antes das letras e do celulóide, uma outra mídia para se autopromover e intimidar. Nos anos 30, Lampião deixou que o mascate libanês Benjamin Abrahão fotografasse a si e a seu bando, uma história já contada pelos cineastas Paulo Caldas e Lírio Ferreira no longa "Baile Perfumado" (1997).
O diretor-presidente da Revista Nordeste VinteUm, Francisco Bezerra, prestigiou na última quinta-feira, 26 de agosto, no Museu do Estado de Pernambuco o lançamento do livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço”, obra de Frederico Pernambucano de Mello. Resultado de estudo profundo a que se dedicou Pernambucano desde 1997, a obra trata-se de um ensaio interdisciplinar, um livro de arte com mais de 300 fotos históricas.
No prefácio, Ariano Suassuna afirma que foi no início da década de 1970 que conheceu pessoalmente Frederico Pernambucano e travou contato direto com os primeiros resultados de suas pesquisas e reflexões sobre o cangaço – tema que fascina a ambos.

Ainda conforme Ariano Suassuna, se todo prefaciador é de certo modo suspeito em seus elogios, deve-se confessar que nesse caso a suspeição aumenta ainda mais. “Vejo que eu e Frederico concordamos em quase tudo o que diz respeito ao Cangaço”, disse o escritor.
Também presente na cerimônia, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, apresenta o livro como “uma leitura imprescindível para todos que tenham, por curiosidade ou profissão, desejo ou dever de melhor saber sobre os nordestinos e sobre o contexto social que fez de nós o que somos: brasileiros que, apesar dos desafios seculares, construímos, neste pedaço quase todo árido do Brasil, uma civilização de mulheres e homens corajosos, solidários e criativos”.
Como as demais obras de Frederico Pernambucano, esse livro vem para o deleito daqueles buscam um conhecimento aprofundado a respeito da cultura de um povo admirado e odiado, os cangaceiros.
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